sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pequena Homenagem

Nativismo perde Rui Biriva

Em 17 álbuns, tradicionalista deixa um legado de talento e irreverênciaO Rio Grande perdeu um dos mais alegres representantes de sua tradição. Gaúcho de Horizontina, o cantor e compositor Rui Biriva morreu às 22h45min. no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde estava internado desde 14 de abril para o tratamento de um tumor no intestino grosso.

Ele tinha 53 anos, e deixa mulher e um filho. O corpo deverá ser velado ao longo da manhã de hoje, na Câmara Municipal de Porto Alegre. Nascido Rui da Silva Leonhart, em 1957, o artista era o caçula dos três filhos de Adalíbio e Malvina, casal de agricultores do distrito de Esquina Eldorado. O cantor viveu até os 10 anos em Horizontina, e teve contato com o tradicionalismo por intermédio do pai, músico e ligado ao Movimento Tradicionalista. Ganhou seu primeiro prêmio aos 14 anos de idade.

O próprio apelido “Biriva” foi ganho em decorrência de um festival, depois de o jovem intérprete vencer a Seara da Canção Gaúcha, em Carazinho, em 1982, com a canção Birivas, de Airton Pimentel. “Biriva” é uma designação para os tropeiros de gado das comunidades de cima da Serra. Rui voltaria a vencer o mesmo festival em 1984, com a música Santa Helena da Serra, parceria com José Luiz Vilela.

Depois de gravar o primeiro LP em 1987, Cantar (Continental), Rui rapidamente ficou famoso não apenas pelo sucesso popular de canções animadas e festivas como Tchê Loco, Festança, Pé na Estrada, Tonto de Saudade e Castelhana (esta, parceria com Elton Saldanha), mas pela irreverência:

– Ele era uma figura com um humor sempre para cima. Era muito emotivo. Ou ele estava sorrindo ou estava chorando de emoção – diz o amigo de longa data Daniel Torres.

Tradição enfim Reconhecida

Tradição Reconhecida

Em 25 de Abril, em Porto Alegre, foi realizado o anúncio oficial de encaminhamento do processo para tombar o tradicionalismo e suas manifestações como Patrimônio Imaterial. Isto significa que a possibilidade de um maior apoio e incentivo da administração municipal para as entidades tradicionalistas e para o Movimento Tradicionalista Gaúcho como um todo, por exemplo, na cedência de terrenos para instalação de CTGs. Antes, porem, projeto deve preencher uma série de requisitos estabelecidos pelo Ministério da Cultura. No Rio Grande do Sul, apenas a Feira do Livro, a Festa de Navegantes e a Orquestra Sinfônica possuem tal denominação.

A ideia para desenvolvimento deste projeto surgiu em julho de 2010, em audiência pública da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, realizada no CTG Vaqueanos da Tradição, quando se debateu a permanência da entidade em sua sede atual posto que esta deveria ser desocupada para a construção da Arena do Gremio.

Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, entende-se por patrimônio imaterial as práticas, as formas de ver e pensar o mundo, as cerimônias (festejos e rituais religiosos), as danças, as músicas, as lendas e contos, a história, as brincadeiras e modos de fazer – junto com os instrumentos, objetos e lugares que lhe são associados – que as comunidades, grupos e as pessoas reconhecem como parte integrante de seu patrimônio e que são transmitidos de geração pra geração.